terça-feira, 27 de agosto de 2013

Não compre uma briga que não é sua


“Não compre uma briga que não é sua”, ouvi essa frase hoje e atônito ainda com uma violência presenciada, de pronto não respondi, a essa afirmação cabem inúmeras perguntas, mas a principal delas, acredito, seja: existe luta que não seja nossa?
Dentre os dez mandamentos do advogado elaborados pelo uruguaio Eduardo Juan Couture nascido em 1904 e falecido em 1956 o quarto brilhantemente nos ensina “LUTA – Teu dever é lutar pelo Direito, mas no dia em que encontrares em conflito o direito e a justiça, luta pela justiça”.
Tendo essa assertiva como mote retorno à pergunta: Existe luta que não seja a nossa?
A única resposta possível é não, não existe luta que não seja nossa e não por sermos isso ou aquilo, mas por sermos seres humanos éticos.
Toda luta sempre apresenta no mínimo dois lados, um que oprime e outro que é oprimido e sempre que alguém silencia e resolve lavar as mãos ou como dizem não interferir, já esta interferindo e corroborando infelizmente com o lado do opressor.
Analisando historicamente temos o péssimo hábito de nos eximirmos de lutar, nos resguardando sob a égide da premissa, “essa luta não é minha”, ou ainda, “eu não tenho nada com isso”, dessa forma pergunto: Preciso ser negro para ser aliado de movimentos negros? Preciso ser soropositivo para ser aliado da luta pela destruição do preconceito contra as pessoas soropositivas? Preciso ser pessoa em situação de rua para ser aliada da causa pelo direito de ter uma moradia? Eu sempre preciso pertencer ao grupo, ter a mesma identidade do grupo que eu sou aliado? É evidente que não, da mesma forma eu não preciso ter sofrido a injustiça para lutar contra uma injustiça.
Espero ainda estar vivo para ver o dia em que as pessoas não se eximam de lutar pela justiça, fazendo desta sua principal bandeira, pena que os que mais se eximem, são os primeiros a reclamarem quando ninguém mais parte em sua defesa, que irônico.
Deixo para reflexão este poema, sem título, feito pelo pastor luterano alemão Martin Niemoller, preso por Hitler em 1938, durante a ascensão nazista.
“Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse” Martin Niemöller[1892-1984], Prêmio Lenin da Paz em 1966.