
É muito
comum os oprimidos fazerem bandeira por serem oprimidos e alardearem
aos quatro ventos “eu não sou preconceituoso!”, mas será mesmo?
Os mais diversos preconceitos encontram-se tão mimetizados e
enraizados em nós que caso não façamos um bom trabalho de
jardinagem, que deve ser feito a cada momento, essas ervas daninhas
comprometem toda a beleza que poderia ser o nosso jardim interior.
Começo
esse texto assim de forma evasiva para levantar algumas perguntas que
me foram muitas vezes feitas e outras que ainda me são feitas -
“Você é ativo ou passivo?” - sempre que eu ouvia essa
pergunta, a primeira resposta que me vinha a cabeça era: “sou
reflexivo” - mas quando dava essa resposta sempre me perguntavam -
“Como assim?” - no que de pronto eu respondia: “Quando me fazem
essa pergunta eu sento e reflito, o que estou fazendo aqui?” Outra
pergunta que sempre me irritou era: “Você não é afeminado,
é?” talvez essa me irritasse ainda mais, pois esquecemos que
os papéis masculinos e femininos se permeiam em todas as pessoas e a
beleza está exatamente na diversidade de expressões passíveis ao
ser humano, somos homens e mulheres o tempo inteiro, que problema há
nisso? Salvo sobre uma visão machista e misógina, que vê a mulher
como inferior, a maravilha da humanidade passa essencialmente na
versatilidades de papéis. Atualmente perguntam-nos - “Quem é o
homem e quem é a mulher na relação?”, Que pergunta infame,
acalmo-me e rebato com a pergunta: “Existe diferença entre ser
homem ou mulher? Acredito que na nossa relações somos companheiros
de jornada, mas se você vê diferenças adoraria saber quais são
elas, quem sabe eu aprendo a ver diferenças que até hoje não vi.”
Não entendo o porque das pessoas ficarem desconcertadas e não me
apresentarem as diferenças entre o homem e a mulher dentro de uma
relação amorosa, ou pelo menos a que elas acreditam que existam.

No ser
humano o encéfalo desenvolvido permite o questionamento e a não
aceitação da condição imposta pela natureza, ao menos de forma
plácida, então talvez os machos ao se verem destituídos de quase
todas as suas funções passaram a implantar a ideia de que eram
superiores por sua força física e como a conciliação é uma
característica muito mais presente na fêmea, talvez esta para não
desagregar o grupo deixou que esta inverdade se propagasse, mas uma
mentira dita por muito tempo acaba sendo aceita como verdade, aí
nasce o machismo e disso advém a crença que tudo que é, mesmo
erroneamente, atribuído ao macho seja superior.

Perfeito! Só teremos reais mudanças quanto todos os papéis impostos culturalmente, tipo "macho" e "fêmea" forem desconstruídos. Acho que chegou a hora de exigirmos mais, de não nos contentarmos com o menos e nem reproduzirmos o papel do opressor. Obrigado por mais esse belo texto!
ResponderExcluirRicardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
Amei o seu texto, Otávio! Não sei do que gosto mais: se das nossas ideias que se casam, do rigor inclusive científico dos seus fundamentos ou do delicioso humor ao final.
ResponderExcluirO texto em si é ótimo, porem tem a pessoas que não gostam de ter um ''RELATIVIDADE'' isso é muito importante em qualquer casal ambas, estão se amando da mesma forma....
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